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A ultima onda

Viver próximo do mar e em particular perto do Parque Natural Sintra Cascais é muito agradável. 

Gosto de olhar o horizonte, e de percorrer as praias no Inverno onde o sossego domina. 

Talvez o mar e as suas fronteiras, sejam o motivo que mais gosto de fotografar. 

 Normalmente os fotógrafos procuram marés vazias pois o mar, é normalmente calmo e sem vento, a ondulação é fraca e possibilita fotografar dentro de água com a água até à cintura, sem acessórios de fotografia submarina… um pingo ou outro na lente mas nada que comprometa a máquina. 

A maré vazia também é especial por revelar um sem número de motivos, mas em pouco tempo a maré volta a encher e todos esses “tesouros” ficam de novo cobertos. 

 Conciliar estas marés com o nascer ou com o pôr do sol, pode tranformar-se no casamento perfeito pois é mais provável conseguir fotos únicas, com redobrado interesse visual e artístico.

“The last wave”

Fugindo agora um pouco desta abordagem, gostaria de retratar certas zonas costeiras do Parque de uma forma mais dramática e poderosa. Sabia à partida que o risco que correria era grande. Um dos locais junto à Boca do inferno é um “spot” pouco fotografado devido ao perigo eminente que nos cerca.

 Naquela dia e sendo já a quarta vez que visitava o local, as condições eram bastante agradáveis, o vento era ameno e a maré estava a vazar. Gosto de chegar cedo ao local e ficar a observar durante um bom bocado o comportamento da natureza, o que me faz sentir mais seguro e essencialmente mais ligado ao local.

 “Wave collider”

 No entanto a fúria do vento mostra-se lentamente, o que provoca a subida das ondas antes de bater na falésia.

A foto em cima é demonstrativa do perigo que seria esta descida pois a onda bate numa parede vertical e eleva-se no ar a mais de 15 metros. 

O plano não era fotografar o local do topo da falésia mas sim quase junto ao mar. Queria fotografar um conjunto de rochas que já tinha visualizado na minha mente e era só esperar que o sol desaparecesse no horizonte, pois a minha composição incluía uma luz de crepúsculo, com um “mood” bastante surreal.

Desci ao local e fiz a foto, mas honestamente não correu como previra e o pior veio depois…

O mar fez questão de dar a conhecer a sua imprevisibilidade. A onda que rebentou teve o dobro da força de todas as anteriores, oiço a gaivota, olho para o mar, viro as costas, iço a máquina com o tripé no máximo e de repente tenho água pelo pescoço. Lutei para não ser arrastado e se assim fosse pouco ou nada poderia fazer. 

Lembrar-me-ei sempre que não vale a pena arriscar, pois dias depois a minha câmara avariou e ainda por cima a fotografia, “The last wave”, não ficou como eu pretendia. 

O susto vai ser lembrado para sempre… 

Dados Técnicos: 

“The last wave” 

Canon EOS5D, 17-40mm, 3 min 8 seg @ f/13, ISO 400

“Wave collider”

Canon EOS5D, 17-40mm,  1/20 @ f/4, ISO 640

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